Honorário na prática clínica
- Talita Romero CRP: 03/12569
- 13 de jan. de 2018
- 2 min de leitura

Vamos tocar agora em um assunto considerado delicado na prática clínica, a cobrança dos honorários. Em conversa com uma colega de clínica a mesma relatou a seguinte frase: "Quando vamos ao médico, ou outro profissional, assim que encerra a consulta nós pagamos imediatamente, ou, até mesmo antes, por que com os Psicólogos tem que ser diferente ?" - Concordei plenamente e me questionei durante umas duas semanas sobre isso, até que depois de várias pesquisas vim aqui relatar a vocês.
Discutir sobre honorários no contrato terapêutico é considerado por muitos uma tarefa difícil, pois pode proporcionar problemas no enquadre clinico até para psicoterapeutas mais experientes (Eizirik, 1989; Lasky, 1984; Shields, 1997; Tudor & Worral, 2002). Mas, também não é um "bicho de sete cabeças".
Bem, ainda de acordo com as pesquisas, quando o terapeuta sugere um valor considerado inferior, provavelmente, a uma desvalorização da figura do psicoterapeuta, seja por imaginar que ele não tenha a experiência necessária, seja por duvidar de sua competência. Logo, para que exista um acordo, é importante a discussão, a consequência da falta de discussão sobre questões que envolvem honorários na relação psicoterapêutica “pode levar à culpa, à desvalorização do terapeuta e do tratamento e ao frequente surgimento de impasses e, mesmo interrupções do mesmo” (Eizirik,1989, p. 102). Diante das pesquisas, uma outra maneira de enfocar o pagamento de honorários, segundo Gross (2008), é levar em conta, na escolha do valor a ser pago pelo atendimento psicoterápico, a realidade do cliente, o que deve ser estabelecido nas primeiras sessões, principalmente na triagem. Psicoterapeutas apontam que a contratação de honorários envolve uma peculiaridade do trabalho do psicólogo clínico que é caracterizado por um atendimento semanal, no mínimo, e não há prazo preestabelecido para o término do trabalho.
Sendo assim, é importante ressaltar que o significado dos honorários é subutilizado na prática clínica, ressaltando que a forma como o cliente age em relação ao pagamento pode ser um material de interpretação na relação psicoterapêutica, por isso o cuidado nesse manejo. O significado para o cliente do pagamento ao psicoterapeuta pelo serviço prestado é, frequentemente, pouco interpretado na prática clínica e pode ser de suma importância no decorrer das sessões, podendo fazer parte da demanda do mesmo.
Como disse uma outra colega de trabalho, "cada caso é um caso...", então, é importante lembrar que a realidade socioeconômica dos honorários como meio de sustento é fator fundamental para o psicoterapeuta e para o cliente, precisando ser mais investigada através de pesquisas.
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